Terminologia

Taipal ©Teresa Beirão

ABÓBADA
Cobertura côncava constituída por blocos aparelhados de BTC, adobe, pedra, betão ou tijolo burro. A criação da abóbada é definida pela translação de um arco e pode ter diversos tipos de traçados, recebendo várias designações segundo o seu perfil, as suas faces e elementos.

Deste modo, a abóbada pode ser cilíndrica, cilíndrica helicoidal, de luneta horizontal e descendente, de aresta ou cruzeiro, de barrete ou clérigo, de pendente, ogival, de cúpula esférica, entre outras formas.

ADOBE
Bloco de terra argilosa amassada com areia ou palha cortada e moldado no seu estado plástico com a forma de um tijolo e seco ao Sol; material de construção cuja técnica de manufactura consiste em moldar sem compactar, terra com ou sem molde. A mesma designação é utilizada para a técnica construtiva que pode ser utilizada na construção de paredes, arcos e abóbadas, geralmente revestidas com reboco. Quando é necessária estabilização, por a terra não apresentar o teor de argila ideal, é comum juntar-se cal aérea no caso de a proporção de argila ser baixa ou fibras vegetais no caso de ser excessiva.

ADOBEIRO
Mestre produtor de adobes.

AGULHA
Peça comprida em ferro ou madeira, que sustenta os taipais ao longo do processo de construção da alvenaria de taipa.

ALVENARIA
Elemento construtivo constituído por unidades/blocos dispostos geralmente em níveis horizontais, com juntas verticais desencontradas entre níveis, preenchidas na totalidade ou apenas na horizontal por argamassa de assentamento. Constituem paredes quando em elementos verticais. Dão origem a alvenaria de tijolo (de diversos tipos), de adobe, de pedra, de blocos de terra compactada, etc.

ARGAMASSA
Produto composto, no mínimo, por ligante, agregado e água, utilizado essencialmente para o assentamento de alvenarias e para o revestimento ou regularização de paredes, tectos e pavimentos.

BALDOSA
Tijoleira fina quadrada, utilizada no pavimento interior.

BARRO OU PASTA ARGILOSA
Massa criada pela mistura de terra argilosa e água.

BEIRAL
É a fiada inferior de telhas nas águas de um telhado e tem como objectivo proteger, de forma simples, a parte de cima da parede.

BLOCO DE TERRA COMPRIMIDA OU COMPACTADA
Também denominado de forma simplificada por BTC; material de construção em terra desenvolvido pela primeira vez nos anos 70, na Colombia; uma mistura húmida de terra, estabilizada com pequenas percentagens de um ligante, é prensada por meio de prensa, manual ou mecânica, produzindo um bloco geralmente maciço e regular. A produção de algum modo assemelha-se à taipa, embora com uma compactação distinta.

BLOCOS APILOADOS
Material de construção em terra, cuja manufatura consiste em comprimir terra dentro de um molde com um pequeno maço.

BLOCOS CORTADOS
Blocos ou unidades obtidos por corte de solo superficial de características minerais ou orgânicas que apresente boa coesão. Pode dar origem ao uma pequena “pedreira” de extracção de blocos para a construção. Caso dos blocos de laterite.

CAIAÇÃO
Pintura com leite de cal numa mistura homogénea, utilizada como acabamento por exemplo directamente sobre a parede de taipa ou sobre o reboco.

CAL AÉREA
A cal aérea resulta do aquecimento de pedra calcária em fornos, a uma temperatura que varia entre os 600°C e os 900°C, dependendo do tipo de cal (dolomítica ou cálcica). Deste processo de calcinação resulta o óxido de cálcio, popularmente conhecida como cal viva. Para ser utilizada, a cal viva (ou óxido de cálcio) tem de ser hidratada, «extinta» ou «apagada», o que se consegue juntando-lhe água. Essa mistura provoca uma reacção exotérmica e leva à formação de hidróxido de cálcio. Depois de hidratada, a cal aérea torna-se solúvel em água. Consoante a maior ou menor concentração de cal na água obtém-se: cal em pó, em pasta, leite de cal e água de cal. A cal em pasta (ou pasta de cal) usa-se nos estuques e nas argamassas e para «estanhar a cal», técnica que consiste em aplicar um acabamento de camada fina de cal em pasta num reboco no dia em que este é executado. O leite de cal serve para a caiação e como base das tintas de cal, a que se juntam pigmentos para se obter a cor desejada. A água de cal utiliza-se nas argamassas, com o objectivo de acelerar o «tempo de presa». Também serve para a consolidação de alvenarias e superfícies de tijolo e pedra.

CANIÇO
Cana utilizada como forro nas coberturas entre a telha e o vigamento de madeira. Tradicionalmente estes barrotes eram estruturais e sobre a cana assentava directamente a telha.

CIMALHA
Apoio no topo das paredes, em geral em tijolo (ou adobe), que permite aumentar a projecção exterior do beiral.

CONTRAFORTES
Também denominados “gigantes”; são elementos exteriores ao edifício, geralmente em alvenaria de pedra, com função de reforço estrutural que contrariam a força horizontal de derrube e consolidam a parede exterior.

COSTEIROS OU COSTANEIROS
Também denominados “Costaneiros”; prumos de madeira colocados no exterior do taipal, que encaixam nas agulhas e que, em paralelo, permitem a amarração e prumo do taipal.

CUCHARRO
A pessoa que transporta a terra e a deita no interior dos taipais.

CUNHAIS
Esquinas dos edifícios feitas de modo geral em alvenaria.

CÔVADO
Medida islâmica/medieval de carácter sagrado e módulo dimensional privilegiado de várias civilizações, correspondendo à distância anatómica do cotovelo à extremidade do dedo médio. A sua medida varia conforme o sistema metrológico, sendo mais constantes as medidas próximas dos 0,525 m. Como unidade linear do sistema craveiro da tradição portuguesa subdivide-se em 2 pés ou em 3palmos craveiros e equivale a cerca de 0,66 m. A sua origem perde-se no tempo, sendo que todo o sistema de medidas muçulmano que chega à Península Ibérica se baseia no côvado. As medidas mais usuais estão compreendidas, por um lado, entre 0,41 e 0,48, por outro rondam os 0,51m. Na metrologia hispano-árabe, no entanto, era frequente encontrar o côvado comum ou côvado mamunicom 0,47m, ou o côvado mediano identificado com o côvado rassasi de 0,572m. De modo concreto, este designa também a peça estreita, em ferro ou madeira, com a dimensão da espessura da parede, que se coloca no interior e topo superior entre taipais, com dupla função: a de garantir que os mesmos permaneçam paralelos ao longo do apiloamento da terra e, após a sua remoção, a de criar um orifício na alvenaria de taipa onde será introduzida a agulha que sustentará os taipais na fiada seguinte

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EMBASAMENTO ou SOCO
Parte inferior da parede, assente diretamente sobre a fundação que reduz a humidade ascendente (capilaridade).

EMPENA
Parede lateral que vai até à cobertura; o triângulo final, que suporta as duas águas, tem igualmente a mesma denominação.

ESTICADORES
Também denominados de “gatos”; são tirantes de aço ao nível do frechal, que consolidam duas paredes exteriores opostas.

FORMIGÃO
Argamassa pobre em cal, à qual por vezes era adicionada terra, com inertes diversos desde pequenas pedras, areias e outros, utilizada em enchimento de estruturas e empregue em pavimentos; aglomerado semelhante ao betão em que a cal substitui o cimento; argamassa constituída por uma parte de cal para uma e meia de areia fina que se aplica no terreno batendo-a levemente com um pilão para formar um pavimento que era muito usado no Alentejo.

FRONTAL OU COMPORTA
Também denominado “Comporta”; peça desmontável em madeira, que encaixa nos taipais, de dimensão quase quadrada com cerca de 50cm de altura e 50cm de largura, podendo esta tomar outras dimensões consoante a espessura da parede. No processo tradicional de construção da parede de taipa o primeiro bloco faz-se com o frontal num dos topos, pisa-se a terra em rampa e invertem-se os taipais colocando o frontal no outro topo para completar o bloco. Existindo dois frontais pode executar-se o primeiro bloco de uma só vez. Nos blocos subsequentes é necessário apenas um frontal.

GUARDA-PÓ
Pranchas de madeira, entre as telhas e o vigamento.

 

LATADA
Estrutura que sustenta a vinha (ou melhor o conjunto da estrutura e da planta), que se colocava sobre a zona de entrada dos edifícios permitido a existência de um espaço de sombra para descansar, contemplar a paisagem ou a realização de pequenos trabalhos ao ar livre à sombra.

MAÇO
Também denominado “Pilão” ou “Pisão”; malho de madeira, com o qual se compacta a terra no interior do taipal.

PINTURA COM ARGILA
Aguada ou barbotina de terra numa mistura homogénea ou ligeiramente granulosa utilizada como acabamento directamente sobre a taipa ou reboco.

PIORNO
Palha de giesteira selvagem.

POIAL
Murete em pedra junto à base da parede exterior como banco de descanso, permitindo também a consolidação e protecção da parede.

POSTIGO
Janela incorporada na porta; no caso das habitações rurais alentejanas era muitas vezes a única abertura que permitia a luz aceder ao interior.

REBOCO
Sistema constituído por camadas de argamassa aplicado na protecção de paredes.

SAIBRO
Material natural composto por terra arenosa com argila; é frequentemente utilizado no Norte do país como argamassa entre a alvenaria.

SOCO ou EMBASAMENTO
Parte inferior da parede, assente diretamente sobre a fundação que reduz a humidade ascendente (capilaridade)

TABIQUE
Parede em estrutura de madeira e/ou caniço, fasquiada, preenchida e revestida com argamassa de terra, cal ou gesso.

TAIPA
Técnica construtiva de paredes monolíticas em terra, que consiste em compactar terra previamente humedecida, com maço/pilão, ou com recurso a meios mecânicos, no interior de uma cofragem de taipais. No sul de Portugal, até aos anos 50/60 do século XX, a taipa foi a técnica construtiva mais utilizada, podendo ainda encontrar-se nesta região inúmeros exemplos de património construído em terra. A fácil acessibilidade ao material e a as questões relacionadas com a sustentabilidade, o conforto térmico e a eficiência energética dos edifícios, confere atualmente à taipa uma nova imagem e esta começa a revelar-se vantajosa em relação à construção corrente. A utilização de paredes em taipa permite regular o clima interior dos espaços, mantendo a temperatura e a humidade relativa dentro dos níveis ideais de conforto, dificultando a entrada de calor no Verão e no período de Inverno, as paredes dificultam a saída do calor devido à elevada inércia térmica da terra, resultante da sua espessura (geralmente superior a 50 cm) e das características da terra.

TAIPA MILITAR
Taipa muito dura utilizada nas fortificações muçulmanas da península ibérica. É constituida por cal aérea, pozolanas naturais e agregados.

TAIPA DE FASQUIO
Técnica construtiva de paredes que consiste numa estrutura de madeira com prumos e tábuas, na qual se prega um ripado preenchido e revestido com argamassa (de terra, cal e gesso).

TAIPA DE RODÍZIO
Técnica de construção de paredes que consiste numa estrutura em madeira, cujo o interior é preenchido por adobes, tijolo ou pedra argamassada.

TAIPAL
Peça que faz parte da cofragem para a realização da taipa. São pranchas longitudinais desmontáveis em madeira ou noutro material, com as dimensões aproximadas de 2,00mX0,50m. No mínimo são necessários dois taipais colocados em paralelo. A totalidade da cofragem é também designada por taipal.

TAIPEIRO
Mestre que domina a técnica da taipa.

TALISCA
Brita de Xisto.

TELHA DE ABA E CANUDO
Também denominada Telha lusa; telha mecânica desenvolvida em Portugal nos anos 50, composta pela junção de telha plana com telha de canal.

TELHA DE CANAL
Também denominada por telha de canudo; telha tradicional antiga que apresenta forma em meia cana.

TELHA MARSELHA
Telha mecânica de origem francesa, introduzida em Portugal no final do século XIX.

TERRA EMPILHADA
Técnica construtiva monolítica de elevação de paredes que consiste em empilhar em fiadas, molhes de terra com palha, posteriormente aparadas por corte vertical para se formar muros espessos em sucessivas camadas.

TERRA MODELADA
Técnica construtiva de paredes que consiste em moldar terra no seu estado plástico em fiadas.

TIJOLO BURRO
Tijolo cozido de dimensões estreitas, característico da construção tradicional. Nalguns locais também é conhecido por “adobe”, criando por isso alguma confusão terminológica.

TORRE ALBARRÃ
Originária da palavra árabe Al-barrãni, que significa exterior. São torres destacadas das muralhas das fortalezas e unidas a estas por uma passagem superior sobre um arco ou por um pano de muralha. Podemos encontrar este tipo de torre, por exemplo no Castelo de Paderne, .

TORRÕES DE TERRA
Blocos ou unidades obtidos por corte de terra vegetal coesa, disponível em depósitos superfíciais. Depois de secos são empregues na elevação de paredes.

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Contributo para informação Terra